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Dar ou não dar?

19:10

Eu sempre me meti em situações constrangedoras em relação a pessoas que me pedem coisas. Certo dia eu estava em uma lanchonete com minhas amigas e veio um velhinho e me pediu comida. Mas como meu cérebro já está treinado pra ativar o "automático" nessas situações, respondi: "Eu não tenho dinheiro aqui comigo, moço! Só trago cartão..." e ele,vendo a oportunidade respondeu "pode ser no cartão!". E depois dessa eu acabei comprando um lanche pra ele. E aqui na minha cidade sempre tiveram muitos moradores de rua e esse tipo de situação é muito comum. Mas sempre me pego pensando o que levaram essas pessoas à essa condição e principalmente fico me perguntando de quem é a culpa de tudo isso: do sistema ou da própria pessoa? 
      Certo dia, uma cena me espantou muito: um velho já muito debilitado pela hanseníase (antiga lepra) sentado na porta do banco estendia um chapéu com os seus dois dedos restantes na mão falando: "dá um dinheirinho pro leproso" aquilo me fez lembrar da época de Jesus, onde a lepra era a doença mas temida. E nessa situação e passei sem dar dinheiro, nem tive reação. Depois eu me peguei pensando: o tratamento de hanseníase hoje é completamente gratuito e a doença é totalmente curável. Como que aquele velhinho deixou seu próprio corpo chegar naquele estado? E porque ele estava na porta do banco e não no hospital? Será que ele não tinha a informação necessária? Ou será que ele não teve alguém ou alguma razão que o motivasse a lutar pela vida? Toda vez que eu vejo uma criança vendendo trufas/salgados/bala de goma/chicletes na rua/farol/rodoviária eu fico pensando se essa criança tem tempo pra estudar, ou se a própria mãe não incentiva ela a estudar. E o caso dos homens completamente saudáveis que pedem dinheiro? As pessoas que não ponderam sobre essas questões sociais vão pensar "Por quê não vai trabalhar já que tem plenas condições pra isso?" "É mais fácil pedir esmola do que procurar emprego". A questão é que: sim, esses homens podem trabalhar, poderiam estar trabalhando, essa pessoa tem razão. Mas as vezes ela se encontra num estado mental de fracasso e carência e exaustão tão grande que suas forças simplesmente se esgotaram. Não tem como julgar a situação da pessoa sem conhecer o conjunto de circunstâncias que a levaram a tal estado. 
      Mas agora chegamos ao ponto crucial: DAR OU NÃO DAR DINHEIRO, EIS A QUESTÃO! Eu morro de pena (sendo sincera) de recusar dinheiro pra uma pessoa, ainda mais quando ela vem junto com o combo sujeira + cara de piedade. Mas eu cheguei a conclusão que dinheiro não é a melhor coisa que você pode oferecer a uma pessoa. E isso aconteceu quando um dia uma velhinha foi reclamar de algo numa loja onde eu trabalhava e, sem eu dar nenhum tipo de incentivo, ela começou a contar toda a história da vida dela, despejando em mim todas as suas amarguras e reclamações. Ela estava de saco cheio da vida e no final ela soltou um "de vez em quando é bom ter uma pessoa desconhecida pra desabafar". E essa frase já respondeu todas as minhas dúvidas sobre como eu posso ajudar essas pessoas. Muitas pessoas vem pedir dinheiro pois é o mais fácil de conseguir das pessoas, e às vezes elas estão acostumadas a ouvir um não ou um "toma", mas nunca um "o que aconteceu com você?" "vai dar tudo certo" ou "Deus te proteja!" e é exatamente isso (além de casa e comida) que elas precisam: de atenção, de carinho ou compaixão pela situação em que ela se encontra e uma conversa amiga. Da próxima vez que um menininho vier me pedindo dinheiro ou comida eu vou responder assim: "dou, sim, mas em troca você senta aqui e conversa um pouquinho comigo."

Fotos retiradas dos instagrans do @sigaosbaloes e do @umcartao.

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6 comentários

  1. Pode me julgar, mas eu sou uma das que não dá dinheiro na rua. Se a pessoa pede dinheiro para comprar comida, eu compro a comida e dou a ela.
    Mas foi isso mesmo que disse, a grande maioria das pessoas não quer saber pelo o que a outra pessoa passou, simplesmente ignora. Atitudes como a sua deveriam ser adotadas com mais frequência! ^^

    Beijo!
    Cores do Vício

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  2. Acho que dá para para pensar, mas também preferia ir comprar algo e dar a pessoa que estava a pedir, mas posso dizer que sou muito de ajudar quem mais precisa, mesmo não tenho assim muito para dar
    Beijinhos
    Novo post // CantinhoDaSofia /Facebook /Intagram
    Tem post novos todos os dias

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  3. texto lindo! acho que temos muita facilidade em julgar as pessoas sem conhecer td o historico etc temos que abrir mais os olhos e o coração

    www.tofucolorido.com.br
    www.facebook.com/blogtofucolorido

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  4. Nossa Gi, seu texto me deixou desnorteada pois eu sofro com isso todo dia. Sempre fico pensando como aquela pessoa chegou naquela situação. Cadê a família? A maioria não nasceu na rua, como foi parar ali? Ao mesmo tempo, morro de medo quando alguém assim se aproxima. A criminalidade está tão alta que ando sempre pensando que serei assaltada. É muito difícil separar e conseguir lidar bem com toda essa situação. Mas sua reflexão foi muito pertinente. E vale para todas pessoas que encontramos no dia. Às vezes, alguém só precisa desabafar como a velhinha que desabafou contigo, e a gente não está sensível para ver isso. Enfim, parabéns pelo texto!
    Beijos
    Tamara
    tamaravilhosamente.com

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  5. Muito bacana seu texto, eu fico com muitas dúvidas e dar ou não o dinheiro, fico com pena, mas as vezes a pessoa não quer comprar comida mesmo :/
    beijos
    www.blogbelezamake.com

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  6. Que reflexão, sempre me vejo pensando no porque, mas é mais automático dar uma resposta curta. Sempre ajudei as pessoas, minha mãe nunca negou comida e sempre que tinha um dinheirinho ela dava. Então, peguei isso dela. Mas, é fato que uma palavra ou uma atitude gentil vale muito mais, porque marca a pessoa que ouve!

    www.kailagarcia.com

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